Minas Digital — estado implanta redes de banda larga em pequenas cidades.

Dez cidades vão receber equipamentos de acesso em banda larga sem fio e conexão ao backbone da Infovias. Meta é conectar todos os municípios com menos de 20 mil habitantes.

28/09/09 – O governo de Minas Gerais vai concluir, até o dia 09 de outubro, a implantação de redes locais sem fio em dez cidades do estado, a maior parte delas com até 10 mil habitantes. A iniciativa faz parte do programa Minas Digital, cuja meta é instalar redes de banda larga de última milha em todos os municípios mineiros com menos de 20 mil habitantes — são 688, dos dos 853 municípios daquele estado.

Do total, 350 não contam sequer com acesso a uma rede de banda larga de longa distância – muito menos com serviços locais de acesso rápido à internet. São cidades que, por enquanto, não interessam às operadoras. “O mercado se mobiliza somente onde espera retorno à curto ou médio prazo e só amplia sua infra-estrutura quando a rede implantada já rendeu tudo o que podia”, explica José Oswaldo Albergaria, diretor de Tecnologia da Subsecretaria de Inovação e Inclusão Digital, dentro da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes). “Isso deixa os pequenos municípios à margem dos serviços”, constata ele.

Nesses casos, o papel do Estado é implantar infraestrutura, explica Albergaria. Nestes dez primeiros municípios, onde não chega a rede de acesso ao backbone banda larga das operadoras privadas, a conexão será fornecida pela Infovias, empresa de comunicação de dados da Cemig. Na medida em que as operadoras ampliarem seu backhaul (rede de acesso), para cumprir as metas de universalização e o compromisso de conexão das escolas públicas em todas as sedes de município do país, o estado de Minas vai contratar seus links.

Com seu poder de negociação, prevê Albergaria, o estado poderá adquirir links no atacado e prover acesso à rede de banda larga – pago — às prefeituras. O poder executivo municipal, por sua vez, vai conceder o uso desta infra-estrutura a organização não-governamentais locais, para que contratem um provedor de serviço de comunicação multimídia para oferecê-lo comercialmente aos habitantes. O preço mais alto, para uma conexão de 128 Kbps, com garantia de entrega desta velocidade, será de R$ 49,90.

Todo este arranjo institucional faz parte do projeto Minas Digital, e visa auxiliar os municípios a se conectar e a criar seu mercado de acesso em banda larga. Foi o que aconteceu, explica Albergaria, quando o governo de Minas decidiu incentivar, por meio de isenção fiscal, a implantação de redes de telefonia móvel em todo o estado. “Quando a primeira operadora se instalava, com incentivos, logo se percebia que havia clientes e chegavam mais uma ou duas”, conta ele.

A primeira inauguração da rede local de banda larga aconteceu no dia 19 de setembro, no município de Maravilhas, região Central. As outras nove cidades que compõem o projeto piloto são Itumirim, Ribeirão Vermelho, Antônio Dias, Fama, Prudente de Moraes, São Sebastião da Bela Vista, Iguatama, Queluzito e Casa Grande. Existe uma previsão de expandir o projeto para outros municípios, mas esses recursos não estão assegurados no orçamento estadual deste ano.

 

Redes mesh

A Motorola foi escolhida para fornecer os equipamentos. Serão redes Wi Fi Mesh, em que uma célula atua, ao mesmo tempo, como receptora e transmissora. “A vantagem da rede Mesh”, explica Albergaria, “é o baixo custo de expansão”. O estado vai fornecer cobertura para as sedes de municípios, mas se as prefeituras quiserem expandir a rede para as áreas rurais, podem contratar uma nova estação radiobase por R$ 70 mil, conta ele.

O kit fornecido pela Sectes é composto por uma antena Omni Max, uma conexão ponto a ponto com o backhaul, na capacidade de 2 a 105 Mbps (estão liberando somente 2 na implantação), três equipamentos para a rede corporativa da prefeitura, na frequência de 5,8 Ghz. Nas três cidades em que a rede já opera, havia a previsão inicial de 120 usuários. Em todas, no entanto, em menos de um mês, há pelo menos 160 conectados – fora a prefeitura. A aquisição dos equipamentos, sua instalação e a capacitação de pessoas em cada muncípio para a gerência da rede custou R$ 850 mil. Os projetos e o teste da rede Mesh, R$ 140 mil. Mais informações na Agência Minas.