Acesso cresce, mas continua concentrado.

A partir de 2008, a expansão da banda larga pode esbarrar, ainda, num limite imposto por gargalos de infra-estrutura e de renda.


A partir de 2008, a expansão da banda larga pode esbarrar, ainda, num limite imposto por gargalos de infra-estrutura e de renda.  Denise Sammarone

Em dezembro de 2006, o Brasil tinha 5,7 milhões de acessos banda larga
— cerca de 3% da população do país —, o que representou um crescimento
de 41% sobre os 4 milhões em 2005 (2,2%). No universo dos assinantes do
serviço, o acesso residencial aumentou de 85,8%, em 2005, para 86,6%,
em 2006. Os dados apurados na pesquisa Barômetro Cisco de Banda Larga,
realizada pela IDC Brasil, revelam que é o maior contingente de banda
larga da América Latina (onde se estima 9 milhões de acessos). O
crescimento teria sido favorecido pelos incentivos fiscais para
computadores (o Computador para Todos, por exemplo) e pela concorrência
entre os prestadores de serviço. “A competição entre as operadoras
telefônicas e as de TV a cabo promoveu queda de 8% no preço médio do
acesso”, acredita Pedro Ripper, presidente da Cisco no Brasil.

Mas isso não foi suficiente para disseminar o serviço pelo território
nacional. O estado de São Paulo segue concentrando o maior número de
usuários, com 39,3% dos acessos. Em segundo lugar, a região Sudeste
(sem SP), com 21,4%, seguida do Sul, com 19,4%, e do Nordeste, onde
estão apenas 8,9% dos usuários. Já a região Norte detém 5,7%, e, por
último, o Centro-Oeste, com 5,2%.

A boa notícia é que, apesar da concentração continuar, outras áreas
passaram a consumir mais o serviço. Na própria região Sudeste, houve um
avanço de 4,3 pontos percentuais. A região Norte, em 2005, respondia
por 4,7%, aumentando, de lá para cá, um ponto percentual. Já no
Centro-Oeste, essa ampliação foi de somente 0,3 pontos. A má notícia é
que, no Nordeste, houve queda da participação em relação ao ano
anterior, quando a região detinha  9,6% dos assinantes.

Gargalos

Apesar do crescimento do acesso banda larga, o presidente da Cisco
adverte que o mercado pode estagnar, prejudicando, inclusive, o
segmento já privilegiado por esse serviço. Desde 2001, quando foi
lançado em escala comercial, esse foi o seu menor índice de
crescimento, o que significa que a base de assinantes pode estar
chegando no seu limite. Segundo Ripper, essa expansão até pode se
repetir em 2007, mas, de 2008 em diante, pode não ser viável manter
este ritmo. Para ele, gargalos como infra-estrutura e preços ameaçam a
evolução do acesso à banda larga no país. “A falta de um modelo
pragmático de expansão para locais fora dos centros mais populosos pode
impedir o aumento do volume de usuários”, analisou o executivo. Apenas
700 municípios, das mais de 5 mil cidades brasileiras, têm o serviço.

“E a queda no valor das ofertas, que também advém do aumento no volume
de consumo e da ampliação para mercados remotos, precisa se adequar às
necessidades das classes mais baixas”, diz. Segundo ele, “no contexto
de inclusão digital, em que o serviço banda larga compete no orçamento
do brasileiro com os itens alimentação e educação, os preços precisam
diminuir sensivelmente”.