Brasil tem 1.934 provedores de internet, mas somente seis deles concentram 80% do mercado.

O dado é da pesquisa TIC Provedores, divulgada hoje pelo NIC.br, braço executivo do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).

30/11/2011

 

O mercado de provedores de serviços internet no Brasil é extremamente concentrado: apenas seis, dos 1.934 provedores em atividade eram responsáveis por 80% das 17 milhões de conexões fixas nos domicílios brasileiros ao final de 2010. A pesquisa não diz, mas os maiores provedores de internet no país são a Telefônica, a Oi, a Net, a GVT, a Embratel e a CTBC Telecom. O mercado também é concentrado regionalmente (43% dos provedores atuam na região Sudeste e somente 6% na Norte) e socialmente (90% da classe A e 65% da classe B tinham conexão à internet em 2010, comparados com 24% da classe C). Esses dados, com exceção do último, que faz parte da TIC Domicílios, foram apresentados hoje pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). Foram recolhidos pela TIC Provedores, o primeiro censo de provedores de serviços internet realizado no Brasil.

Os dados, explica o NIC.br, órgão executivo do Comitê Gestor da Internet no Brasil, refletem a concentração econômica do país: 56% do PIB brasileiro é produzido na região Sudeste. Esta concentração regional, no entanto, pode reforçar esta desigualdade, porque o acesso à internet em banda larga é um poderoso indutor de desenvolvimento. “Pesquisas internacionais mostram que 10% do crescimento no acesso em banda larga contribuem com 1,3% no crescimento do PIB”, observa Alexandre Barbosa, um dos responsáveis pela pesquisa.

A velocidade dos serviços oferecidos é baixa. A oferta dos provedores está concentrada na faixa de 512 Kbps até 2 Mbps (81%) e a faixa mais comum é a de 512 Kbps (89%). Somente 48% dos serviços ofertados está na faixa de 2 Mbps a 12 Mbps. Este resultado é compatível com o que demonstra a pesquisa realizada pelos próprios usuários da internet no Brasil por meio do Sistema de Medição de Tráfego de Última Milha (Simet), cujo mapa, baseado em testes realizados por 600 mil pessoas em suas conexões, está disponível no link http://simet.nic.br/mapas/. A pesquisa TIC Provedores mostra, ainda, que 57% das conexões em banda larga usam a tecnologia DSL (sobre a rede telefônica das operadoras); 27% a tecnologia de cable modem (nas redes de Tv a cabo); 10% usam redes sem fio; 5% cabo (Ethernet) e apenas 4% do acesso é realizado em fibra óptica.

Para comparar: países desenvolvidos, como a Alemanha, têm como meta de acesso em banda larga levar 1 Mbps a 100% dos domicílios até 2010 e 50 Mbps a 75% até 2014. Na Finlândia, a meta é de 100 Mbps até 2016 a todas as casas, depois de ter levado 1 Mbps em 2010. Na Coreia do Sul, os acessos domiciliares em banda larga serão de 1 Gbps em todas as casas até 2013. No Brasil, a meta do Plano Nacional de Banda Larga é chegar a 30 milhões de conexões fixas até 2014, usando como estímulo os planos populares, cuja velocidade é de 1 Mbps e a capacidade de download, limitada. O país tem, hoje, 57,3 milhões de domicílios, de acordo com o IBGE.

A concentração do mercado, comparada com o grande número de provedores em atividade, mostra que os pequenos e médios provedores são importantes pra a universalização do acesso e “sugere que a implantação de redes cabeadas ou de compartilhamento de infraestrutura ainda é um desafio para as operadoras e para o órgão regulador”, diz o comunicado distribuído pelo NIC.br. Na entrevista, os responsáveis pela pesquisa foram mais diretos: para a banda larga cresce no Brasil é preciso concorrência e para haver concorrência é preciso haver acesso às redes das operadoras dominantes, também chamado de unbundling. Hoje, os pequenos provedores usam principalmente rádios para chegar aos seus clientes. Dos pequenos provedores, 67% oferecem acesso em rádio (spread spectrum) e 25% em redes sem fio Wi Max ou MMDS. Somente 3% dos provedores oferecerem acesso em ADSL — e eles estnao justamente entre os seis que concentram o mercado.

A pesquisa será colocada no site do CGI.br e, a partir do ano que vem, o comitê deverá publicar o censo dos provedores, em formato aberto, também em seu site.

 

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