EAD Guaranesia 13

capa – Foco nos mestres

Foco nos mestres

Milhares de professores complementam a formação pela rede

Texto Rafael Bravo Bucco | Fotos Robson Regato

 

ARede nº 96- janeiro/fevereiro 2014

Saindo da área dos MOOCs, e pensando nos cursos a distância tradicionais, os professores são hoje o principal foco das iniciativas governamentais. A Universidade Aberta do Brasil (UAB), criada em 2006, abriga 1.023 cursos de 104 instituições: 56 universidades federais, 31 estaduais e 17 institutos federais. São 668 polos de apoio presencial para atender 260 mil matriculados. Cerca de 35 mil estudantes já se formaram. Sob a gestão da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), prioriza a formação de professores, gestores da educação básica de estados, municípios e do Distrito Federal, assim como a formação de profissionais da administração pública e o estímulo a arranjos produtivos e vocações regionais”, conta João Carlos Teatini, diretor de EAD da Capes. Os mais concorridos são as licenciaturas, as especializações e os bacharelados.

Este ano a UAB deve crescer. A meta é atingir 400 mil matrículas, ter 700 polos, e ampliar a oferta de cursos em áreas de tecnologia, setor em que falta mão-de-obra. O investimento realizado desde o início já passa dos R$ 2 bilhões, apenas pelo governo federal. “Ainda tem o que as instituições investiram. E cada polo é mantido pelos estados e municípios”, observa Teatini. Os recursos federais foram aplicados em bolsas para coordenadores, na contratação de professores, tutores, além de produção de material didático e aparelhamento de polos”, enumera. Este ano o investimento total será de R$ 500 milhões.

A Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) participa da UAB desde o princípio. A professora Tânia Rossi Garbin, do Centro de Educação aberta e a Distância, ressalta, porém, que em 2000 a UFOP já trabalhava com EAD usando outras plataformas, como material impresso, de forma restrita ao estado de Minas Gerais. “A partir de 2005, com a UAB, passamos a abarcar Bahia e São Paulo”, conta.

Nessa época, ninguém tinha ideia do que a UAB poderia virar. “Tudo foi pensado entre 2006 e 2007. A plataforma, a tutoria. A partir de 2007, implementamos a videoconferência, uma estratégia muito importante porque era a alternativa para oferecer o conteúdo a muitos alunos a distância e era importante para o aluno tirar dúvidas”, lembra. O ambiente virtual de aprendizagem escolhido foi o Moodle.

A Ufop tem 6 mil alunos de EAD na graduação. Os cursos têm foco na formação de docentes. “As particulares oferecem cursos a distância para carreiras de forma geral, mas as federais não têm autonomia por causa do financiamento”, relata Tânia. As instituições devem acompanhar o trabalho nos polos, verificar qualidade das instalações, dos laboratórios, e determinar quando o local é mais adequado a um ou outro curso.

Semelhante à UAB, mas de âmbito estadual, a Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp) foi criada em 2012, começou a funcionar em julho de 2013, e também recebe recursos da UAB. “Antes disso operou por três anos e meio como um programa de governo, incentivando a oferta de cursos a distância da USP e Unesp”, diz Waldomiro Loyolla, diretor acadêmico da Univesp. A missão é estimular as instituições estaduais a pensar na educação a distância. E faz isso com repasse de verbas.

O foco também é a qualificação de professores e gestores do ensino. “Este ano teremos cursos de matemática, biologia, física e química para formar quadros para educação no estado”, explica Loyolla. Serão oferecidas 500 vagas em cada licenciatura. Como uma universidade paulista, a Univesp terá autonomia para elaborar cursos a partir de quadro docente próprio.

Experimentando a metodologia para outro tipo de público, a Univesp desenvolveu, junto à Defesa Civil do estado de São Paulo, um curso para agentes da defesa civil. O conteúdo das aulas não é distribuído em formato MOOC, mas é livre, e tudo pode ser acessado pela internet ou pela TV. Os programas com os conteúdos são gravados nos estúdios da TV Cultura, e transmitidos pela Univesp TV, canal 2.2 da faixa de multiprogramação da TV Cultura.

Quem passa no vestibular e entra em uma das vagas da Univesp faz o curso na plataforma aberta Kanvas, distribuída livremente pela universidade estadunidense de Stanford. “A gente adequou para o modelo nosso. Tudo o que a gente produz é aberto e fica disponível ao público”, frisa Loyolla. Os MOOCs fazem parte dos planos para o futuro. “Já temos aulas de matemática, física, economia e filosofia gravadas com professores muito bem conceituados. Basta colocar no formato”, diz.

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