Conexão Social – Conexão terceiro setor

A interface é parecida com o orkut. Os objetivos, porém, são outros. Extrapolar as fronteiras de articulação social foi uma das propostas que motivou a criação do iRedes.


A interface é parecida com o
orkut. Os objetivos, porém, são outros. Extrapolar as fronteiras de
articulação social foi uma das propostas que motivou a criação do
iRedes.
  
Heitor Augusto


A Plataforma facilita a criação
de redes

De acordo com números do Google, os brasileiros são responsáveis por
mais de 70% dos acessos do Orkut, portal de relacionamentos criado em
2004 pelo turco naturalizado norte-americano Orkut Büyükkökten. No
site, onde velhos e novos amigos se encontram, os internautas também
freqüentam comunidades para discutir assuntos de interesse comum, além
de receber lembretes dos aniversários dos contatos.

Agora, imagine todas essas ferramentas, até então a serviço do puro
entretenimento, sendo utilizadas para articular atores em busca de
transformação social. Um grupo de entidades resolveu pensar em formas
de multiplicar, por meio da internet, a rede de atuação do terceiro
setor, construindo um espaço de troca de iniciativas para atender
demandas de cada grupo. O resultado? O desenvolvimento do iRedes, uma
plataforma para facilitar e criar redes.

Há cerca de dois anos, a Fundação Avina, que vinha discutindo o
assunto, procurou a Rede de Informações para o Terceiro Setor (Rits) e
o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar). “A Avina
estruturou um grupo de organizações para traçar linhas gerais do
iRedes, recolher demandas das organizações que articulam atores
sociais”, explica Dalberto Adulis, diretor-executivo adjunto da Rits.
Ele conta que a plataforma ainda está em fase “pré-beta”: falta
aprimorar a estabilidade e desenvolver algumas ferramentas.

A proposta do iRedes é cada usuário construir um perfil e revelar em
quais setores já atua ou por quais se interessa (inclusão social,
tecnologia, sociedade, meio ambiente, educação, entre outros). O portal
também tem suas comunidades. A pioneira foi a do projeto Um Milhão de
Histórias, desenvolvido pelo Museu da Pessoa,  a primeira entidade
a se apropiar do iRedes. A iniciativa, segundo a coordenadora Carolina
Misorelli, surgiu visando “criar um movimento de contar histórias entre
jovens” que valorize a construção de sua identidade frente à sociedade
e entre eles próprios.

A primeira oficina de capacitação, “Agentes de Histórias”, financiada
pela Fundação Kellogg, aconteceu em setembro, durante quatro dias.
Participaram 45 pessoas (12 educadores e 33 jovens). Todos os relatos
estão disponíveis na comunidade do projeto dentro do iRedes. “O Um
Milhão é um projeto piloto dentro da plataforma”, define Carol. A meta
é contar, até maio de 2007, 5 mil histórias, que estarão no iRedes.

Mas o iRedes vai além: os usuários podem salvar documentos e arquivos, que ficam disponíveis para consulta de outros usuários.

Por exemplo: um internauta amazonense que tenha organizado um encontro
de software livre pode colocar em sua página a cobertura do evento, que
pode ser consultada por um usuário do Sul. Ou, também, telecentros que
procuram se articular em associações podem deixar disponíveis os
modelos de editais utilizados e publicar relatos sobre os obstáculos
que tiveram de ser superados.

De acordo com o diretor da Rits, a entidade tem estabelecido contato
com outras redes que manifestaram interesse pela plataforma. Entre
elas, a Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi) e o
Instituto Ethos. A expectativa, diz Dalberto Adulis, é formatar todo o
site até janeiro do próximo ano: “Um componente de inteligência
artificial dará indicações, sugestões de conexão que podem ser
interessantes”.