Após concluir o recadastramento
de todos os pontos cobertos pela rede Gesac, o Minicom tem um mapa dos
usuários e de seu perfil de uso. Vai deslocar 1,4 mil antenas para
regiões remotas e quer chegar ao final do ano com pelo menos um ponto
Gesac em cada município brasileiro. Lia Ribeiro Dias
Dos 3.072 pontos ativos do programa Gesac, do Ministério das
Comunicações, 1,4 mil podem ser atendidos, segundo informações
fornecidas pelas concessionárias de telefonia fixa, por suas redes de
banda larga. Isso significa que existe possibilidade técnica, nesses
locais, de substituir a conexão via satélite, que custa quase R$ 1
mil/mês, por um outro tipo de conexão com preço muito menor – menos de
R$ 200,00. Para fazer a troca da conexão e deslocar as antenas para
áreas remotas que não têm nenhum tipo de cobertura, o Minicom estuda
duas alternativas. A primeira delas, já autorizada pela área jurídica,
é um aditivo ao contrato com a Comsat para que ela contrate, no
mercado, os provedores de conexão pela melhor oferta que encontrar
entre os prestadores de serviço de telecom. Pelo contrato, são
permitidos aditivos de até 25% do valor global. A outra alternativa em
análise é o Minicom fazer um convênio com o Ministério da Educação,
repassando para o FNDE os recursos relativos ao pagamento da conexão
que seria, então, contratada diretamente pelas escolas, já que elas são
as maiores clientes do programa. Dos 2.882 pontos que se recadastraram
junto ao Minicom, 69% estão em escolas. A terceira alternativa, uma
licitação das conexões pelo próprio Minicom, foi descartada, porque
dificilmente o processo seria concluído até junho. Como este é um ano
eleitoral, depois dessa data os governos não podem mais fazer
contratações.
“Com o deslocamento dessas 1,4 mil antenas e a instalação de mais mil
previstas no contrato, o objetivo da Ministério é chegar ao final de
2006 com um ponto Gesac com conexão em banda larga em cada um dos
municípios brasileiros”, assegura Roberto Pinto Martins, secretário de
telecomunicações do Minicom.
De acordo com Martins, os pontos que estão nas periferias das grandes
cidades e que não podem ser atendidos pelas operadoras locais,
continuarão com as antenas. E ele assegura que não há risco de o ponto
que perder a antena ficar sem conexão. “Só deslocaremos as antenas dos
locais que podem ser atendidos por outras tecnologias”, afirma o
secretário de telecomunicações.
Escolas abertas
Com a conclusão do trabalho de recadastramento, que consumiu três
meses, o Minicom tem, agora, um perfil completo dos usuários das
antenas Gesac. Dos 2.882 pontos que responderam à pesquisa – 147 foram
desligados pois estavam sem tráfego há mais de seis meses, e 190
tiveram o sinal bloqueado, porque não se recadastraram –, 58% são
escolas estaduais; 17%, escolas municipais; 12%, unidades militares;
3%, associações, sindicatos e cooperativas; 2%, outros; e 8%, não
especificaram a atividade.
Um dado chamou a atenção dos coordenadores da pesquisa. Embora a
maioria dos pontos esteja em escolas, mais resistentes em abrir seus
espaços para a comunidade, 71% dos pontos declaram que são abertos ao
público em geral. Nas unidades militares, o índice chega a 90%. Embora
os dados relativos à abertura dos pontos para a comunidade sejam uma
boa notícia, a má notícia é que 2% dos pontos informaram que os
computadores e a conexão à internet não estão disponíveis para todas as
pessoas do estabelecimento, sejam eles alunos, funcionários, associados
ou usuários.
As respostas dadas pelos usuários da rede Gesac confirmam o
levantamento feito pelo Minicom sobre a possibilidade de uma boa parte
dos pontos poder ser atendido por outro tipo de conexão à internet,
mais barata do que a conexão via satélite: 22% declararam que, no
prédio onde está instalado o ponto, há outro tipo de conexão à
internet, como ADSL, cabo ou rádio.
O horário de funcionamento dos pontos Gesac
Poucos micros
O baixo número de computadores por ponto Gesac é um indicador relevante
de que a conexão em banda larga vem sendo mal aproveitada; ou seja,
poderia atender a um número muito maior de usuários, se os pontos de
presença estivessem equipados com um número maior de micros. Esse
indicador chamou a atenção do secretário do telecomunicações do
Minicom. Uma das metas de Martins, agora, é aumentar o número de
máquinas nos pontos atendidos pela rede Gesac, seja por meio da compra
de mais equipamentos, seja pela articulação do Minicom com outros
órgãos e estatais do governo. “Não faz sentido, em termos de
custo/benefício, um ponto Gesac ter apenas dois computadores”, diz ele.
Pelo levantamento, 5% dos clientes do Gesac têm apenas dois
computadores e 14%, só um; 17% têm entre três e cinco; 44%, entre seis
e dez; 14%, entre 11 e 20; e 3%, entre 21 e 50%. Os demais não
informaram a quantidade de computadores. Na avaliação de Martins, o
número mínimo de máquinas por ponto tem que ser cinco. “Temos que
perseguir essa meta, combinando esforços”, afirma, informando que o
dado preocupante é que 20% possuem nenhum ou, no máximo, dois
computadores. A média de estações por ponto de presença é de 7,5
máquinas por ponto.
Também foi constatado que existe, nos pontos Gesac, um grande número de
computadores com defeito. Se fossem consertados, ampliariam a base
instalada em 25%. Outro dado intrigante é o fato de haver, nos pontos
Gesac com conexão à internet, máquinas que, inexplicavelmente, não
estão conectadas à rede. Ou seja, 12% dos pontos possuem mais
computadores fora da rede do que conectados a ela.
Em termos de sistema operacional do servidor, o Windows, padrão
proprietário da Microsoft, tem folgada liderança. Dos pontos que
declararam ter servidor de rede (84%), 67% usam alguma versão do
Windows. Só 11,5% utilizam o Linux. E os demais não especificaram o
sistema operacional. Como decorrência, o pacote de escritório Microsoft
Office também é dominante. O controle dos usuários pelos pontos de
presença é muito deficiente: 47% nem têm cadastro dos usuários. Entre
os que têm algum tipo de controle, a maioria em papel, a média de uso
deixa a desejar – 64 usuários/dia, o que resulta em 6,7 usuários por
estação.