10/10/2011
Do Tele.Síntese Análise, publicado em 05/10
No dia 11 de outubro transferem-se para a cidade de Manaus dois conselheiros (entre eles o presidente) e três superintendentes da Anatel, além dos presidentes ou principais executivos de todas as operadoras de telefonia fixa e móvel. Ele têm a missão de, em audiência pública, prestar contas aos políticos locais sobre a calamitosa situação em que se encontram as telecomunicações da Região Norte e as providências que estão sendo tomadas para reverter a situação. Os números que serão apresentados confirmam o grave panorama das telecomunicações na região Amazônica, e vão mostrar também a deterioração da rede do STFC – e dos serviços móveis – em todo o país.
Um dos indicadores que mais preocupam a Anatel – e é com base nisso que as empresas tiveram de apresentar um plano de investimento e recuperação da planta – é o aumento das interrupções nos telefones fixos. Além deste indicador, outro grande problema na telefonia fixa são os orelhões desativados.
No que se refere às interrupções, os registros apurados pela Anatel demonstram que uma intervenção mais firme do órgão regulador precisa ser adotada. A agência acompanha anualmente a quantidade de interrupções nos telefones que afetaram 10% dos acessos de uma comunidade ou que deixaram mudos mais de 50 mil usuários de uma única vez. Em 2002, este indicador para o Brasil todo era de 2,7 mil interrupções. Em 2010, pulou para 14 mil. E, em 2011, conforme projeções da agência, o número de interrupções em todo o Brasil deverá crescer 50%, atingindo 21 mil.
A Telemar, até mesmo em virtude de sua área de abrangência, ostenta o título de campeã. Embora em 2010 tenha registrado queda no número de interrupções (13 mil “caladões” telefônicos, em 2009, contra pouco mais de 8 mil, no ano passado) deverá fechar este ano com 15 mil interrupções em sua rede. Em 2010, os estados mais afetados foram Bahia e Maranhão, com 14% das interrupções cada um, e o Pará, com 13%.
Na área da Brasil Telecom houve também queda nas ocorrências em 2010 (4 mil contra 6 mil de 2009), e crescimento em 2011 (previsão de 5 mil interrupções). Os estados do Rio Grande do Sul e Paraná são os mais problemáticos, concentrando 36% e 29% dos casos, respectivamente.
Na região da Telefônica, embora os números absolutos sejam bem menores, a situação também é problemática, assinalam fontes, porque as interrupções cresceram vinte vezes nos últimos anos. Em 2002, foram 44 interrupções; em 2010, 1,4 mil; e as projeções para este ano é de que cheguem a quase duas mil.
Mudo por muito tempo
Outro indicador compara a quantidade de interrupções por cada dez mil acessos em serviço, e aponta que a média brasileira no ano passado foi de cinco paradas. Este ano deverá chegar a oito para cada dez mil telefones. Se estes dados já demonstram as fragilidades da rede do STFC, na Região Norte os indicadores são alarmantes. Em 2009, foram vinte “caladões” para cada dez mil telefones da região; em 2010, 25 interrupções; e, em 2011, as projeções são de 29 “caladões” para cada dez mil aparelhos.
Além de ficar mudo com frequência, o telefone fixo fica também muitas horas sem funcionar. Conforme a Anatel, a média brasileira de telefone mudo é de impressionantes 13 horas. Na região Norte, esta média sobe para 25 horas. As razões dos “caladões” estão nas falhas de equipamentos. “Ou o equipamento é muito velho e precisa ser renovado, ou está sem nenhuma manutenção”, observa técnico da agência.
Para reverter essa situação é que a Anatel publicou uma cautelar determinando às duas concessionárias que apresentem um plano de investimentos e intervenção nas redes para garantir, dentro de um ano, que o Brasil registre apenas uma interrupção média para cada dez mil acessos e tenha como média nacional o máximo de cinco horas de telefone sem funcionar. A Telefônica apresentou sua proposta na segunda-feira, a Oi iria apresentá-la nesta quarta.
{jcomments on}