Alguns ambientes são especiais,
instalados em hospitais psiquiátricos, ou pioneiros em acessibilidade
para deficientes visuais, como em Recife.
Instrutora do Curso de Informática
básica do Telecentro Amunam
Hoje, o Programa Serpro de Inclusão Digital, que dispõe de recursos
anuais de R$ 1,5 milhão, tem 57 telecentros ativos, 14 em reparo. A
maior parte deles está no Sudeste (22) e no Sul (19), os demais,
espalhados por cinco estados e o DF. É simples conseguir doação do
Serpro, cuja aprovação não depende de edital, explica Antonio Carlos
Miranda da Silva (Cabelo), coordenador técnico nacional de inclusão
digital da estatal. Mas, avisa, o projeto tem de ter um mínimo de
sustentabilidade. Por isso, em geral, as demandas chegam pelas mãos de
prefeituras, ONGs, Oscips. “Então, visitamos, avaliamos e, em caso
positivo, aprovamos a proposta e doamos as máquinas”, diz ele. A
disponibilidade de equipamentos está atrelada à renovação do parque do
Serpro. Agora, por exemplo, todo o parque de telecentros do Rio está
sendo renovado.
A parceria com a sociedade civil e prefeituras é o que garante a
sustentabilidade do telecentro, e é o fator que dá prioridade ao
atendimento, informa Cabelo. Como o uso da unidade não é cobrado, essa
gratuidade tem de ser assegurada pela comunidade, cuja prefeitura e
organizações sociais precisam buscar parcerias para garantir a
remuneração dos monitores, a conta da luz, o acesso em banda larga.
Podem ser empresas do comércio local, além da administração municipal,
visto que a instalação de um telecentro dá visibilidade ao gestor. Mas,
todo cuidado é pouco para que mudanças políticas não prejudiquem os
projetos.
A capacitação é sobretudo presencial, feita pelas regionais Serpro, e
parte à distância. A estatal monta o projeto lógico e o elétrico
(quando a entidade local não tem condições) e se encarrega da
manutenção de software,
além da atualização dos equipamentos. Cuidar das máquinas é tarefa da
comunidade. Em média, cada telecentro recebe dez estações e um servidor
devidamente configurados.
O ambiente operacional é aberto. “Não há a menor possibilidade de um
programa de inclusão trabalhar com sistema proprietário. Inclusão, só
com plataforma aberta,” afirma Cabelo. Escolher o software
livre, argumenta, não é só questão de ser mais barato. “Trata-se do
coração do projeto de inclusão, no qual não há outro meio fora do
compartilhamento da informação e do conhecimento”, insiste o
coordenador. A distribuição Linux é a Fedora (Red Hat), a mesma usada
na empresa.
Alguns telecentros montados com o Serpro são especialíssimos, como os
instalados em centros de atendimento e tratamento de portadores de
distúrbios mentais (no Rio, os hospitais Juliano Moreira e Nise da
Silveira, e o Ulisses Pernambucano, em Recife), o de atendimento a
deficientes visuais, também na capital pernambucana; o da terceira
idade, no município de Nova Iguaçu, RJ (veja a página 28).
Na 4ª Região Fiscal do Serpro (PE, AL, PB, RN), dos sete telecentros
inaugurados, seis estão em Recife, em parceria com a prefeitura. Um,
porém, é o xodó da coordenação regional, o “top de linha”, nas palavras
de Severino Xavier de Morais Filho: porque é o primeiro com
acessibilidade para deficientes visuais, cujo modelo será replicado.
Uma parceria com a Associação Pernambucana de Cegos (Apec), foi
inaugurado em março, e utiliza o navegador sonoro Linvox e aplicativo
de áudio Orca, da Ubuntu.