A
ONG Comunitas montou 52 espaços com acesso à internet, a Rede Jovem.
Mas, agora, deixa de entrar com a infra-estrutura, e vai oferecer
apenas apoio e metodologia para a obtenção dos recursos.
O
programa Rede Jovem, criado em 2001 pela organização não-governamental
(ONG) Comunitas, reúne 52 unidades do seu Espaço Jovem, uma versão de
telecentro focada na mobilização de jovens de periferia, em áreas
metropolitanas, na busca de soluções para problemas comuns. Até agora,
a Comunitas entrava com toda a formação dos Espaços (inclusive as
máquinas, doadas ou usadas). Mas, a partir deste ano, passa a fornecer
apenas metodologia e capacitação dos monitores, e a apoiar a
captação de recursos das entidades parceiras. Oito unidades estão em
processo de implantação no novo modelo.
Os Espaços
Jovens são criados em parceria com outras ONGs, prefeituras e centros
comunitários. Segundo Patrícia Azevedo, assistente de interação do
projeto Rede Jovem, essas unidades funcionam como cibercafés
gratuitos. Ela destaca que não há curso de informática, porque a idéia
é trabalhar a comunicação entre jovens, com ênfase em suas realidades.
“A busca de solução para problemas comuns é o objetivo dessa
teia”, diz. Mesmo assim, aqueles que nunca viram um computador podem
fazer a ofi-cina Ciberbanho, com noções básicas de operação e
navegação na internet.
Cada Espaço funciona com dois monitores
(sempre um casal, para fortalecer a questão de gênero), que recebem
bolsa de estudos por um ano. Eles ministrama oficina Ciberbanho e
devem promover iniciativas rentáveis, que garantam a autosustentação
dos espaços.
Muitos blogs
O
Espaço Jovem trabalha muito com a idéia de estar em rede, mostrando
como é possível usar a internet para outras coisas, além de jogos.
Parte dessas atividades, sempre às quartas-feiras acontece o
bate-papo virtual Chat e Ação. “Essa conversa traz convidados
escolhidos entre pessoas que estejam fazendo coisas
interessantes, como boas bandas de fundo de quintal”, explica Patrícia.
Uma vez por mês, também há uma semana temática, que aborda
temas tranversais (meio ambiente, saúde, etc.) aplicados aos
problemas concretos dos bairros. Cursos online (produção de texto,
html, entre outros) são realizados com apoio de profissionais
voluntários.
A principal ferramenta da Rede Jovem, contudo, é
o site. Um ponto de encontro onde qualquer pessoa pode publicar
informações, mantido pelos próprios jovens. Apenas os monitores
têm um espaço exclusivo. Para a escolha desse profissional, a Comunitas
recomenda às entidades que prefiram jovens entre 18 e 25 anos,
que morem perto dos Espaços e sejam usuários de internet. No site, há
14 mil e- ails gratuitos em uso e mais de 1,3 mil blogs criados e
atualizados, gratuitamente, por jovens internautas.
A Rede
Jovem foi iniciada em 2000 e está espalhada em sete estados e Distrito
Federal. O programa oferece sua metodologia a outras
instituições, como a Prefeitura do Rio de janeiro – em 2003, nessa
parceria, foram criados 30 Espaços em escolas municipais, no programa
Favela Bairro. Desde 2004, quatro salas do projeto Internet
Livre, do Sesc-RJ, também passaram a contar com a assessoria da
Comunitas.
Cada Espaço tem, em média, de seis a oito
computadores ligados na internet. No ano passado, a Rede Jovem
como um todo realizou 240 mil atendimentos. E cerca de 16 mil jovens,
por mês, freqüentaram os Espaços. No novo modelo, a Comunitas não
entra mais com os computadores, mas orienta as entidades a obterem
esses recursos.