Mesmo com o atraso da licitação para a escolha de parceiros, que não
foi lançada em abril, como esperado, o programa começou a andar com o
apoio de estatais e prefeituras.
Com um curso de capacitação
para 120 pessoas, entre monitores, coordenadores e técnicos, realizado
em maio, em Ceilândia (DF), em parceria com a NDA- Faculdade de
Tecnologia da Informação, o governo federal deu a partida à
instalação, em escala, do programa Casa Brasil. Essas equipes vão
trabalhar nas 50 unidades que estão sendo instaladas pela Petrobras em
46 municípios, cobrindo 17 estados e o Distrito Federal. Também a
Caixa Econômica Federal, que mantém um programa de inclusão
digital por meio de sua ONG Moradia e Cidadania, decidiu engrossar o
Casa Brasil com o patrocínio de dez unidades, a serem instaladas
em cidades baianas. O Banco do Brasil, que financia a montagem de
telecentros por meio da doação de equipamentos, instalação e
treinamento – sua rede já superou a casa das mil unidades –, está
selecionando, dentro dessa rede, as unidades que atendem às
características do Casa Brasil.
Mas não são apenas as empresas estatais que estão aderindo ao
programa que, com recursos orçamentários, lançaria uma licitação,
adiada de abril para maio, para a escolha de parceiros para a montagem
de 89 unidades. De acordo com Maria Helena Schuster, responsável pela
área de articulação institucional do Casa Brasil na Secretaria de
Comunicação de Governo e Gestão Estratégica (Secom), também
prefeituras estão se incorporando ao movimento. A Prefeitura de
Salvador já firmou um convênio para instalar 18 unidades na capital
baiana – ela entra com o imóvel e a manutenção, e o governo
federal com os equipamentos, doados pela CEF, e o treinamento. E a
prefeitura de Camaçari (BA) vai instalar quatro unidades. Assim, a
expectativa do governo é chegar a outubro com mais de 300 Casas
Brasil em funcionamento.
“O Casa Brasil não é apenas uma marca, mas um conceito”, resume Maria
Helena. Cada unidade tem que ter, pelo menos, três módulos:
telecentro, sala de leitura e mini-auditório. As unidades mais
sofisticadas, como os Pontos de Cultura, do Ministério da Cultura, vão
contar ainda com estúdio multimídia e até rádio comunitária. Dos 600
Pontos de Cultura previstos – 71 já foram montados –, 266 vão ser
abertos sob a bandeira do Casa Brasil.
Responsável pela padronização visual do Casa Brasil e pela capacitação
nos módulos de conhecimento e cidadania – a parte tecnológica está a
cargo do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI, da
Casa Civil), a Secom trabalha em cooperação com o Ministério da
Educação, o da Cultura e o do Desenvolvimento Agrário (este
último tem o programa Arca das Letras, de empréstimo de livros).
“Nosso papel é articular as diferentes áreas do governo, as
estatais, as prefeituras e da sociedade civil”, relata Maria Helena,
que acompanhou de perto o projeto piloto do Casa Brasil, em
Valente, uma cidade de 40 mil habitantes no sertão baiano.
Instalada em parceria com a ONG Associação dos Pequenos
Agricultores do Estado da Bahia-APAEB, a unidade de Valente, com
telecentro, sala de leitura e mini-auditório, está atendendo, em média,
3 mil pessoas/mês no telecentro. Tem uma programação cultural
intensa, exposição permanente dos trabalhos em sisal das mulheres
da região e, este ano,