Universitária ajuda estudante do
ensino médio a analisar suas pintas,
durante treinamento sobre o câncer
de pele, em Tatuí.
Há muitas iniciativas nas áreas de ensino que utilizam sofisticados
recursos de informática e telecomunicações, ensino à distância e
presencial, além de formação de estudantes de 2º grau que ajudam a
disseminar noções básicas de higiene e saúde em suas comunidades. Na
Universidade Federal de São Paulo – Unifesp, o médico Daniel Sigulem,
coordenador do programa de pós-graduação e do departamento de
informática em saúde, não gosta de falar em telemedicina, “um nome que
dá ibope”. Prefere informática médica, da qual telemedicina é uma
parte. Para Chao Lung Wen, professor associado e coordenador geral da
disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), há
telemedicina para todos os bolsos: de baixo, médio e alto custos —
respectivamente casos do tele-eletrocardiograma, por telefone; webcam+VoIP; telehome care, com recursos de conferência via web e handhelds, para acompanhar pacientes em recuperação domiciliar.
O departamento de informática da saúde da Unifesp conta com equipe
multidisciplinar de 27 pessoas que também se dedicam à pesquisa em
ensino à distância (EAD), que a universidade oferece em diferentes
modalidades. Para suprir a escassez de dinheiro público, a Unifesp,
além de desenvolver sistemas para uso próprio, também produz sob
encomenda, como o sistema para combate da gripe aviária feito para a
Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária; e o de apoio à
decisão (diagnóstico e tratamento) da tuberculose, que teve apoio da
Organização Mundial da Saúde e foi implementado em 38 unidades básicas
em Recife (PE).
Jovens Doutores durante
dinâmica de integração
Na vida de Chao Lung Wen, não faltam projetos, como o piloto do
que classifica de “maior projeto de atenção primária do mundo”,
envolvendo educação e assistência à saúde, que terá 900 pontos
espalhados por nove estados. O estágio atual do programa é pactuar com
as secretarias estaduais e municipais de saúde para escolha das
localidades que receberão os pontos. Já o programa de Educação em
Qualidade de Vida nas Escolas, de formação de “jovens doutores”, vai de
vento em popa. O último, no início de maio, em Tatuí (SP), treinou 4
mil estudantes de 2º grau e contou com a participação de 30 estudantes
da USP (enfermagem, fisioterapia, medicina, odontologia, terapia
ocupacional e psicologia, entre outros). “É uma retribuição das
instituições de ensino superior à sociedade,” pondera Chao, explicando
que o “jovem doutor” complementa a atenção primária que não consegue
entrar nas escolas. Em Ituverava (SP), com expressiva população de
bóias-frias, de 20 a 28 de janeiro deste ano, 120 alunos da Santa Casa
atenderam 3 mil pessoas. Em Minas, é idêntico o trabalho do internato
rural, vivência hospitalar em cerca de 15 cidades do interior do estado
para estudantes de Medicina dos dois últimos anos. No Amazonas, o
sistema é o mesmo, em atendimento a cinco cidades. Em junho, conta
Chao, num projeto conjunto entre Minicom e Ministério da Defesa, quatro
dessas localidades, todas distantes de Manaus, terão telecentros
conectados pelo Gesac (São Gabriel, Benjamin Constant, Tefé, Humaitá),
para permitir que os estudantes possam interagir com seus professores
nas universidades Federal e Estadual do Amazonas. Para Chao, educação e
saúde trabalham juntas, e a primeira é pré-condição da segunda.